A rede na construção da identidade brasileira
O impacto da rede na construção da identidade brasileira
A rede onde você adora
deitar tem muito mais a dizer do que realmente parece!
O que vem à sua mente quando vê uma rede de balanço? Provavelmente algo relacionado à sensação de descanso, acolhimento, férias, preguiça, descanso, e para muitos, algo ligado à ideia de lar.
A rede, criada pelos povos
ameríndios, foi apropriada pelos europeus, e ocupa um lugar de destaque na construção
da identidade brasileira. É uma invenção da brasilidade, e traz muitos
significados, muitos usos e muitos símbolos.
A rede de dormir é um
costume na vida de muitos brasileiros. No Amazonas, no trajeto de barco que
liga o município Novo Airão à capital Manaus, uma travessia que dura cerca de nove
horas, cada passageiro precisa levar a sua rede, que substitui as poltronas de
viagem.
No Ceará, a rede é também
fonte de renda para muitas pessoas. A produção de redes é uma atividade típica
e tradicional do estado. O município de Jaguaruana é conhecido como a “Terra da
rede”, porque todo o ciclo de trabalho da rede é feito por lá, desde o preparo
do fio de algodão até o término da rede.
A fabricação de uma rede é
um processo trabalhoso e envolve muitas pessoas. Uma rede, de acabamentos bem
simples, para ficar pronta, passa pelas mãos de no mínimo dez pessoas. As mais
sofisticadas podem envolver o trabalho de até 20 pessoas.
As redes se destacaram em
atividades do cotidiano do Brasil colonial, como mobiliário, meio de transporte
e práticas funerárias. Para
muitos brasileiros, a
rede acompanha toda uma trajetória da vida, desde o nascimento
até a morte. Em alguns locais, era comum observar que quando um parente falecia e a família não tinha
dinheiro para mandar fazer o caixão, a pessoa era levada para o cemitério, na
própria rede.
A rede de dormir também guarda uma relação com o
nascimento e a maternidade. É que no Hospital Regional de Ceilândia, no
Distrito Federal, a terapeuta ocupacional Hellen Rabelo e a fisioterapeuta
Fernanda Nunes criaram um projeto chamado Neném
na Rede, onde os bebês das incubadoras da UTI neonatal são colocados em
redes, onde ficam cerca de duas horas, alguns dias da semana.
As criadoras do Projeto explicam que a literatura científica
descreve os benefícios do uso da rede dentro da unidade neonatal, e que com esta
terapia, elas tentam fazer uma simulação do bebê como se ele estivesse dentro
do útero da mãe. Detalhe importante, o hospital onde elas atuam fica no
Distrito Federal, mas a costureira que faz as redinhas 100% de algodão para o
projeto é cearense.
Para alguns historiadores é
possível contar a História do Brasil a partir da rede, e alguns afirmam que pelos
próximos séculos, a rede vai continuar a balançar para lá e para cá criando
novas leituras e simbologias.




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